sábado, 25 de dezembro de 2010

Neve, o Cavalo Herói.



Talvez o que narrarei seja real; talvez, uma mera invenção. De qualquer maneira, ainda me arrepio ao relembrar a mãe de uma amiga minha de infância contando-nos esta história e, de certa forma, quero acreditar que as palavras dela são, sim, verdadeiras. Nunca as esquecerei.

Suely nos dizia que tivera um cavalo branco chamado Neve na antiga fazenda da família. Fiel companheiro, ele sempre estava ao seu lado como seu melhor amigo. Cavalgavam por horas a fio e ela passava horas cuidando de Neve, acariciando-o, dando-lhe de comer e escovando seus brancos pêlos com carinho enquanto lhe confiava seus maiores segredos e sonhos.

Foi num desses lindos dias ao lado de Neve que algo trágico aconteceu. Caminhando em direção a Neve, Suely foi subitamente atacada por outro animal, uma das vacas da fazenda que escapara, colocando em risco a vida da mãe de minha amiga. Todavia, para proteger sua única amiga, Neve correu até o local e deitou-se sobre ela, sofrendo os ataques enfurecidos do outro animal. Ao verem a trágica cena, homens que trabalhavam no local laçaram a vaca. Neve jazia no chão, extremamente machucado já perdendo os sentidos.

Assustada, Suely saiu correndo e se escondeu. Chorando, sentou-se no chão e abraçou suas pernas contra o corpo num misto de cólera e medo. Por mais aliviada que pudesse se sentir por ter sido salva, seu corpo padecia com a dor que ela sabia que seu amigo estava sentindo por tê-la protegido.

Neve jazia no chão imóvel. Quando o outro animal foi finalmente retirado dali, a pobre menina correu desesperadamente em direção ao amigo. Olhando em seus olhos, ela sentia a dor que o consumia e sofria com ele, mas percebia no olhar de seu fiel companheiro uma estranha sensação de alívio. Por maior que fosse o sofrimento, ele parecia feliz por ver que ela estava bem.

Abraçada ao amigo, em poucos minutos ela viu seus olhinhos se fecharem para sempre. Naquela trágica manhã, Suely perdeu seu melhor amigo, que dera sua vida para salvar a dela. Naquele momento de dor, ela percebeu o real significado de uma amizade tão verdadeira e jurou nunca deixar cair no esquecimento o ato heróico de Neve.

Com saudade de seu amigo e tristeza em seus olhos, a mãe de minha amiga nos contava essa história sempre que pedíamos. Dizia-nos que aquela fora a maior demonstração de amizade que ela presenciou durante toda a sua vida e que, infelizmente, não conseguia imaginar um ser humano que fosse capaz de fazer o que seu cavalo fizera por ela.

Confesso que sempre concordei com Suely. Tornamo-nos tão egoístas que jamais entregaríamos nossas vidas para salvar a de um amigo. Todavia, para tristeza em meu coração, mas para que eu nunca perca a esperança na existência de pessoas de bem, hoje um amigo entregou heroicamente sua vida para salvar a de sua mãe, atacada por tiros a queima roupa disparados pelo mais temível dos animais: o homem.

Diferentemente de Suely, todavia, prefiro transformar a dor dessa trágica perda em esperança. Ainda existem amor e amizade capazes de motivar atos heróicos. Por mais que existam animais capazes de realizar os piores dos atos, nem tudo está perdido. Ainda há esperança. Ainda há heróis.

By Anne Addison



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Gosto de Saudade.



Necessito e não encontro. Como é Ruim precisar e não ter! Pior ainda, não saber do que necessito. Do que é que eu preciso afinal?

Me irrita o fato de o seu nome ser tão comum. Parece me perseguir. Até em enganos telefônicos, bebês de parentes, a moça da fila no mercado, em aulas a professora usa seu nome como exemplo em frase...
Me pergunto o que aconteceu com os nomes Maria, Camila, Priscila e Patricia.
O que mais me irrita é saber que você não terá problemas em me esquecer.
Meu nome é tão incomum quanto eu.
Tento me acostumar a ouvir seu nome, a ver uma foto por acaso e até mesmo a ver você. 

Mas quando te vejo hoje não vejo mais quem eu via. Queria poder te ver de novo com aqueles olhos brilhantes que surgiam no meu rosto ao olhar através de você, eu conseguia ver você.
Hoje vejo uma estranha.

O som do teu nome tão comum, que antes me era doce de ouvir, hoje soa ardido e doído, me vem gosto amargo de saudade na boca.

Um dia hei de me acostumar a ouvir teu nome sem balbuciar um Argh!