quarta-feira, 1 de março de 2017

Bilhete

O Zé num cordô
Cô cheiro do café,
Tem pobrema não,
Vou fazer feijão.
 
Uai Zé, cê num vai cordá, não?
Morreu ômi?
Tigamente o cheiro da minha comida,
Era novidade.
Só de senti os perfume o Zé cordava
E corria feito um Jaum de barro
paixonado nos meus braço.
 
As roupa marrotada,
Que eu passo com tanto cuidado,
Fazia eu ganha rosa
Que ele pegava nos quintar das moça rica
Pra quem ele trabaiava de pedrero.
Achava tão romântico ele ter todo o trabaio de tirá os 
espinho.
Dizia que era pra num machuca minhas mão de fada,
Mai minhas mão são tão calejada que eu ria feito boba.
Ficava vermeia que nem os pimentão que eu pranto .
Ai ai, que ele me dava beijinho na testa todo dia.
Agora nada!
 
Oia, Zé, tome tento ômi.
Vou te dá um conseio:
Eu tenho sardade do antigo marido,
Se o cê num vorta cordá assim de novo,
Vou deixa um bilhetinho
Escrito pela vizinha,
Mai é eu que vou ditá,
Assim ó:
 
Zé, o cê já num é
Mais o memo ômi.
Vou-me embora.
Mai chora não que é feio.
Deixei a cafetera que a dinda deu,
O microonda que o Benê e a Creuza deu pra nóis
De presente de casório.
Ai cê compra as comida pronta.
 
To levanu nossos barrigudinho,
Afinar, eu que sou a mãe,
Mai carma, não se exarta,
Vou deixá o ce vizitá seus muleque.
 
Os cachorro sardento,
Deixo aqui pro ce num morre
De solidão,
Só que o ce tem que cuida bem dos bixinho.
Divide com eles as ração.
Ta parecenu eles memo, come e dorme o dia intero.
Ce sabe que eles são vira-lata
E come o resto de comida tamém,
De pra eles o que o ce larga nos prato e nas panela.
 
As roupa o cê que leve
Na passadeira da esquina.
Um beijo de tchau na testa.
Se vire ômi besta.
 
Neuza.

- Anne Addison